sábado, 1 de fevereiro de 2014

Do lado de dentro

Pode entrar, não precisa bater na porta.
Não percebeu a janela aberta? Deixou quebrada, a última pessoa que saiu.
Não precisa tomar cuidado com as paredes, nem temer as rachaduras. Cada pedaço que cai, mostra um novo, cada vez mais forte.
Quase não se sabe a cor, mas um dia, eu garanto, impressionava quem de longe via. Não se tem mobília, levaram tudo. 
Parece abandonada, mas vez em quando alguém vem retirar a poeira e fazer parecer morada. Às vezes casa, até pousada.
Não é tão ampla e está sem luz, eu sei. Mas, se tiver sorte, poderá ganhar as estrelas.
Parece simples. Não está à venda, nem disponível para aluguel, mas tem seus valores.
Venha quando quiser, mas venha só, e se puder, fica um pouco mais. E, se for ficar, gostaria de providenciar reforma.
Algumas vezes você poderá encontrar a porta fechada. Não insista, quando trancada. Por favor.
Preciso ir agora, vou deixar a chave com você.  Desculpe-me se não apresentei bem. Cuidado, caso queira sair. Certifique-se que está segura, pois essa "casa", caso você não saiba: sou eu.