quarta-feira, 2 de julho de 2014

Liber- dar-se




Eu vivo esperando pelo dia em que vou surgir maior que tudo isso. Que terei voz ativa pra gritar que eu não sou como me veem. Que sofrer faz parte do histórico de quem muito sente e que apego pertence àqueles que se envolvem com quem não sente muito.

Eu vivo esperando pelo dia da minha vitória, enquanto me perco em meio ao julgamento alheio, já ensaiando minha pose mais esguia e meu sorriso mais malicioso de "eu sobrevivi", com direito a trilha sonora. Revivo cada ferida, desfio cada lembrança, só pra um dia olhar pra trás e rir de como fui boba.

Eu vivo esperando pelo dia que selecionar pessoas para fazer parte da minha vida, seja apenas uma ferramenta de rede social, e que medir as palavras para falar do que estou sentindo, seja uma forma de prever se o papel será suficiente para tanto afeto escrito. Que eu tenha motivos pra chorar, quando falarem de mim, mas que seja pela inenarrável importância que tenho na vida dessas pessoas. 

Eu vivo esperando pelo dia em que não estarei sozinha, nem mesmo quando estiver apenas com meus pensamentos. Que meu coração deixará de ter cercas elétricas e terá, enfim, um filtro. Que eu ame poucos e bons. Que eu me deixe levar além do mundo lá fora, invés do mundo limitado entre lágrimas e choros baixos dentro do meu quarto.

Eu vivo esperando pelo dia que alguém que me deixou, irá dizer, assim como eu disse, que sente saudade dos nossos dias. Que nenhum outro abraço esquenta melhor que o meu abraço. Que o vazio da minha ausência pesa nos seus dias, o fazendo lembrar de como éramos verdadeiramente felizes. Eu vivo esperando que esse dia chegue, para que eu possa segurar em suas mãos, olhar em seus olhos e, finalmente, dizer: Agora é tarde!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Saudade

Eu queria poder dedicar a você um livro inteiro. Contar como os dias são vazios, como o meu abraço sozinho é enorme e como cada lembrança crava uma lança em meu peito. Como meus dedos são sozinhos, sem o entrelaçar dos seus, como minhas lágrimas de nada adiantam se não trazem você de volta, de como as palavras parecem inúteis diante do imenso sentimento que carrego comigo. Eu não sei explicar se foi um pedaço seu que ficou comigo ou se você levou consigo uma parte minha. Mas talvez eu pudesse fazê-lo entender do quão subitamente meus sonhos foram arrancados de mim. Eu não sou a mesma. Fiz tatuagens, tentei mudar de curso, mas não é esse tipo de mudança que eu gostaria que tivesse permanecido intacta. Eu não tenho brilho, entende? Em meio ao caos do dia, nem que seja por uma fração de segundo, cai a ficha que ao voltar pra casa não será como antes. Você invade meus pensamentos pelo menos umas dez vezes por dia. Suas lembranças arrancam lágrimas minhas, no mínimo, sempre que vou dormir. Todos os dias eu me pergunto "Espera aí, onde eu errei?", e todos os dias espero a resposta, com uma nova chance de recomeço. Eu te procuro sempre que preciso enfrentar o mundo do lado de fora do meu quarto, e um encontro casual é só um encontro casual, longe de ser aquelas chegadas esperadas com o coração batendo forte, aqueles abraços apertados, deitar a cabeça no teu ombro e prometer ficar ao teu lado pra sempre. Cadê você pra olhar nos meus olhos e dizer que o mundo inteiro é pequeno, diante do nosso amor? Quero minhas gargalhadas de volta. Quero meu sorriso de volta. Quero minha felicidade de volta.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Eu não me importo mais...


...esta é a frase que todos os dias eu ensaio dizê-la, na esperança de que seja com convicção, num dia desses que você menos imaginar. Mas eu sei, e você também, que essa situação tão comum e ao mesmo tempo tão desconhecida, paralisou meus movimentos. Meu passado [ quem diria, você] é tão presente e essa história toda é como um oceano, onde eu afundei de vez, com uma bola de ferro presa ao tornozelo, e bati a cabeça no fundo, dificultando qualquer possibilidade de retorno e tomada de fôlego. Dia após dia sendo embebedada dessa "água", ocupando-me por todos os lugares, me deixando bem próxima da morte, mas ainda agonizando, antes que aconteça.
Até quando minha sanidade será testada? Até quando o nó na garganta me deixará sem ar o dia inteiro? Falta muito para as lágrimas finalmente serem de felicidade? 

domingo, 25 de maio de 2014

Inacabado


As voltas que o mundo dá são extraordinárias, ao ponto de transformar pessoas em lembranças. Às vezes parece que nem dói mais, noutras ainda sangra, mas vêm e vão. Às vezes esbarrar com alguém parecido não faz mover um músculo, noutras um nome comum faz faltar o ar. 
Um medo enorme de encarar a vida, sabendo que ainda ando em terreno escorregadio, à beira de precipícios, mas convicta que a opinião alheia é como placas que só me fazem percorrer o caminho contrário. 
Correndo pra um lugar cada vez mais longe de tudo, deixando, que falem, que julguem, sem a menor vontade de voltar para me justificar ou desmentir o que seja dito. Noutras, parece que cada abraço foi ontem. Parece que os cheiros ainda se confundem, parece que a ausência é mais uma daquelas saudades que será preenchida no fim do dia, e uma vontade enorme de gritar que fiz tudo que podia.
Recomeçar sozinha parece o mesmo que caminhar numa corda bamba, com lanças afiadas próximas ao pescoço, esperando eu escorregar. Noutras parece que sou capaz de voltar os caminhos todos a meu favor.
Recomeçar tem dessas coisas: morrer de chorar numa noite e na manhã seguinte querer viver pra sorrir mais.

terça-feira, 13 de maio de 2014

[RE]começar


"Quem ama nunca desiste".
Qualquer um diria que essa frase seria pra você, pra nós dois, mas eu lhe asseguro que a primeira pessoa que me veio em mente quando li, fui eu mesma. Embora eu tenha perdido tanta coisa nessa procura por você, no fim das contas, investi em mim. Com grande percentual  positivo custo/benefício.
Olha só que irônico: você não queria mudar uma vírgula, mas exigia que eu mudasse o alfabeto inteiro. Isso era amor? Não! Também não pôde aceitar quem eu sou, mas eu o amei por você ser exatamente como é. Ainda acha que me amou? Nunca! 

Até já tinha um emaranhado de ideias pra escrever sobre a falta de paz que eu tinha e da extrema calma e indiferença que você esboçava muito bem. Mas descobri que a melhor forma de extravasar meus sentimentos, era sendo eu mesma. Era ser livre. 
Diversas vezes permiti que as pessoas tivessem o controle do que pensei, me permiti chegar cada vez mais fundo, me dei o - meu -  tempo necessário para chorar, me culpar e me punir, mas sempre soube que me reergueria mais forte e da melhor maneira que sei fazer. Cada lágrima será lembrada, assim como cada noite que me vi envolvida pelo álcool. Eu estava presa a você como uma bola de ferro no tornozelo. A cada tentativa de subida, eu afundava ainda pior. Minha vida era sua, meus pensamentos e todas as horas possíveis dos meus dias, eram exclusivamente seus. A posse que me fez querer ter você, também me fez ser inteiramente sua. Me encouraçando e me fechando para tudo mais que me acontecia. Eu era um "caso perdido". Hoje eu vejo a nossa história como um momento em que "cochilei" na vida. Mas acordei, voltei pra realidade, voltei para os meus textos. 
Precisei me isolar, abdicar, sumir. Precisei ser egoísta. Precisei matar de fome a curiosidade dos outros. Precisei abaixar o volume da opinião alheia ao ponto de colocá-la no "mudo". Precisei cortar laços e ter a ousadia de me deixar ser julgada, sem permitir que tal atitude me condenasse e, acima de tudo, que não me fizesse sentir culpada. Mas quer saber? Não me arrependo de nada. E quer saber mais? Eu sobrevivi!

sábado, 10 de maio de 2014

De sempre, pra sempre




Como de costume, vou lhe contar como foi meu dia: 
Acordei! Ah, acordei. Quem dera dormisse uma vida inteira, quem dera fosse pesadelo, mas o sol que entra no meu quarto e o barulho do despertador me fazem acordar pra difícil realidade. E levantei, arrastando todo o peso da minha dor até o chuveiro, onde as lágrimas misturam-se com as gotas de água quente. Esperei o telefone tocar, mas sem resposta. Pensei em você. Chorei. Não comi. Saí de casa. Desejei esbarrar com você por aí ou ao menos vê-lo de longe, talvez finalmente eu voltasse a sorrir. Algumas vezes fingi estar bem. Cumprimentei. Trabalhei. Voltei pra casa. Pensei em você. Senti sua falta. Me culpei. Tomei remédio. Dormi. Sonhei com você. Acordei chorando. Pensei em você. Bebi. Bebi. Pensei em você. Chorei. Bebi. Me culpei. Culpei você. Me culpei com exatidão. Chorei. Bebi. Revi fotos. Revi recados. Parece que foi ontem. Pensei em você. Bebi. Chorei. Doeu. Me culpei. Chorei. Dormi.

domingo, 4 de maio de 2014

Depois do fim

E eu disse: "Você vai continuar aqui, ó!".
E bati no peito, firme.

Dos rascunhos do blog



Sinceramente, eu não sei dizer o que mais me move nessa vida, se são meus medos ou se são meus sonhos. Eu sei que esse assunto é tão íntimo e pessoal, mas o blog acabou mesmo virando uma espécie de diário, que me senti à vontade pra escrever sobre tal. Não quero pagar de boazinha ou da "pobre garota sofrida". Viver causa muita dor, muita ferida, o que diferem as pessoas, umas das outras, é o modo de cura que cada uma encontra.
Porém, com toda essa modernidade e tecnologia, descobri e mexi em feridas que eu pensava ter superado. Em medos que eu tinha convicção de que o meu período "revoltz" tinha sido reflexo do meu estado "espertinha". Mas só então percebi que o meu "modo de cura" foi, este tempo todo, uma escolha errada, apenas um sedativo, não um antídoto. Que as perdas foram uma espécie de "efeito colateral" e que só porque não sangra mais, não quer dizer que a ferida cicatrizou.

sábado, 3 de maio de 2014

O barulho do silêncio incomoda


Fiquei alguns segundos em choque com esta imagem. Ela é capaz de traduzir exatamente como me sinto e o estado agitado dos meus pensamentos. Talvez tudo que eu escreva a seguir, seja em vão ou até mesmo acabe dando outro sentido, que a imagem retrata de forma tão real.
Se fosse possível, eu diria que meu coração virou uma fina camada seca, despedaçado no chão, onde nenhum pedaço é capaz de se regenerar. É preciso um novo, é preciso recomeçar. Nada se reutiliza dele. De nenhuma dessas partes se faz um inteiro. Perda total.
Diria que meus pensamentos parecem um rabisco infantil, aquele emaranhado de linhas, sem forma, sem entendimento, sem a menor tentativa de acerto.
Diria que esse emaranhado às vezes parece mais um pavio, que ao final do dia - muitas vezes logo no começo - parece queimar a última ponta, prestes a explodir.
Não é fácil sobreviver sã ao julgamento alheio. Todos os dias me cobram uma atitude madura, me cobro perdão. Cobram-me explicação, me cobro renúncia. Sinto vontade de gritar, de quebrar tudo, de me ferir, de sumir. De acabar comigo e consequentemente com tudo que está em mim. Queria arrancar essa história da minha vida. Queria ser outra, noutra cidade. Meu sono é gerado pelos remédios. Minha mente parece uma música de rock pesado. O barulho que ela faz, me tira o sono. Às vezes sinto que falta muito pouco para meus joelhos dobrarem, para eu desistir finalmente e dizer: não aguento mais. Parece que a qualquer momento jorrará sangue do meu corpo e quem sabe assim as pessoas entendam que eu cheguei ao meu limite. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dos excessos...

Nesses dias eu abri a página do blog dezenas de vezes. Não sei se me faltou palavras pra escrever ou se fugi de encarar o que sinto, de expor toda a confusão que entra em choque, e parece sair faíscas, entre meus pensamentos e o meu coração. Salvei diversas imagens que talvez pudessem me ajudar a começar algo, ou que eu nem precisasse dizer nada, de tão expressivas e doloridas que eram.
Noite de primeiro de maio, feriado, chove forte por aqui, e esse foi o principal motivo que me fez escrever. Aliás, a tristeza desse tempo frio me puxou pra frente do computador, me obrigando a derramar cada lágrima, cada gota de sangue desse coração que nem sabe mais pelo quê as batidas estão sendo induzidas. Eu resolvi escrever, na tentativa de esvaziar um pouco tudo que tem me sufocado nos últimos dois meses, pra vê se sobra um espaço, pra eu respirar um pouco menos angustiada.

Todos os dias me pergunto como cheguei neste estado. E porquê eu não consigo enxergar nada além da minha confusão interna. O coração dói muito, parece perfurado, parece jorrar sangue por todo o resto do meu corpo. O acordar parece pesadelo. Nem acredito que já terei de encarar tudo de novo. Olho em volta, custo acreditar que estou de volta ao quarto, que tudo está no mesmo lugar, menos minha felicidade. Tento prolongar o sono, pra sair imediatamente daquele lugar que reflete entre montes e poeiras o descaso da minha vida. O que me conduz é a rotina. Nada novo acontece, exceto os dias que fujo do roteiro e insisto em não comer. As pessoas parecem ter outro rosto. Causam-me sensações diferentes de outrora. O sorriso é forçado e a educação é robótica. As horas iguais, costume nosso, só me lembram que eu mesma penso em mim, no que me transformei, no que me transformaram e, sinceramente, me dá pena e desespero.

Confundi tudo. Filtrei errado do espiritismo que não posso ser superior a ninguém, o que dificulta minha volta por cima. Filtrei errado do cristianismo que meus atos me tornam pecadora, merecedora de algum castigo, o que reforça meu próprio julgamento de permanecer à mercê das feridas que eu mesma causei.
Cada minuto de realidade do fim, causa euforia por dentro. Vontade de gritar, de sumir, de desistir do que ainda falta, de me trancar e aceitar minha condição de não ter cura. Hoje eu cobro de mim uma maturidade que vivi esperando o tempo trazer.

Nada mais me define melhor do que a palavra "morte". Morri por dentro, morri pra vida, morreram meus sonhos, morreu meu sorriso. Para as pessoas que me sacodem com o tema "morte", queria que soubessem que nada mais há de ser feito. Não são os remédios, que tenho tomado, que anteciparão o que tanto me alertam. O que falta morrer é a matéria. Mas, de que adianta preservar o corpo, se todo o resto já morreu? Impossível viver, impossível SOBREVIVER. Eu não sou mais a mesma. Procuro em mim o sorriso que vejo nas fotos, a vida que vejo nas fotos. Não encontro nada. Não consigo sentir nada daquilo que me impulsionava há meses. Me sinto culpada, me sinto triste, me sinto só. Só isso que eu consigo sentir.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Do lado de dentro

Pode entrar, não precisa bater na porta.
Não percebeu a janela aberta? Deixou quebrada, a última pessoa que saiu.
Não precisa tomar cuidado com as paredes, nem temer as rachaduras. Cada pedaço que cai, mostra um novo, cada vez mais forte.
Quase não se sabe a cor, mas um dia, eu garanto, impressionava quem de longe via. Não se tem mobília, levaram tudo. 
Parece abandonada, mas vez em quando alguém vem retirar a poeira e fazer parecer morada. Às vezes casa, até pousada.
Não é tão ampla e está sem luz, eu sei. Mas, se tiver sorte, poderá ganhar as estrelas.
Parece simples. Não está à venda, nem disponível para aluguel, mas tem seus valores.
Venha quando quiser, mas venha só, e se puder, fica um pouco mais. E, se for ficar, gostaria de providenciar reforma.
Algumas vezes você poderá encontrar a porta fechada. Não insista, quando trancada. Por favor.
Preciso ir agora, vou deixar a chave com você.  Desculpe-me se não apresentei bem. Cuidado, caso queira sair. Certifique-se que está segura, pois essa "casa", caso você não saiba: sou eu.