domingo, 25 de maio de 2014

Inacabado


As voltas que o mundo dá são extraordinárias, ao ponto de transformar pessoas em lembranças. Às vezes parece que nem dói mais, noutras ainda sangra, mas vêm e vão. Às vezes esbarrar com alguém parecido não faz mover um músculo, noutras um nome comum faz faltar o ar. 
Um medo enorme de encarar a vida, sabendo que ainda ando em terreno escorregadio, à beira de precipícios, mas convicta que a opinião alheia é como placas que só me fazem percorrer o caminho contrário. 
Correndo pra um lugar cada vez mais longe de tudo, deixando, que falem, que julguem, sem a menor vontade de voltar para me justificar ou desmentir o que seja dito. Noutras, parece que cada abraço foi ontem. Parece que os cheiros ainda se confundem, parece que a ausência é mais uma daquelas saudades que será preenchida no fim do dia, e uma vontade enorme de gritar que fiz tudo que podia.
Recomeçar sozinha parece o mesmo que caminhar numa corda bamba, com lanças afiadas próximas ao pescoço, esperando eu escorregar. Noutras parece que sou capaz de voltar os caminhos todos a meu favor.
Recomeçar tem dessas coisas: morrer de chorar numa noite e na manhã seguinte querer viver pra sorrir mais.